Até o momento, o delegado responsabiliza o amigo do casal e o dono do cachorro, por ter feito a contratação do homem, pelo crime de maus-tratos contra animal. A pena varia de três meses a um ano de detenção e pode ser aumentada por causa da morte do cão, mas não resultará em prisão, pois o regime é cumprido em aberto, segundo o delegado. “Eles devem pagar uma cesta básica”, diz.
O caso será encaminhado ao Juizado Especial Criminal (JECrim), um órgão do Poder Judiciário responsável pelo julgamento de infrações de menor potencial ofensivo.
O casal, cuja identidade é mantida em sigilo, retornou à São Joaquim da Barra para prestar depoimento, mas viajou em seguida, por medo de represálias.
Moradores da cidade protestaram em frente à casa, segundo o delegado. “A moça está grávida e tem gente cercando a casa, falando em colocar fogo e matá-los. Por isso, eles não vão retornar por enquanto”, informa Hugo Ravagnani.
Até o momento, nenhum dano na residência foi reportado à polícia.
Abandono e morte
O funileiro Cláudio Roberto Tomaeli foi quem resgatou o animal e avisou a Polícia Militar. Ele estava trabalhando quando a esposa ligou e avisou ter ouvido um cachorro agonizando na casa ao lado.
"Eu cheguei em casa, subi no muro correndo e vi o cachorro caído, com uma bicicleta em cima e as patinhas travadas nos raios dos pneus. Eu olhei, não tinha ninguém [em casa], então pulei o muro e tirei a bicicleta de cima, mas as patas de trás já estavam duras, cheias de mosquitos. A gente jogou água na cara dele, deu água para ele beber, e ele até deu uma levantadinha, mas deitou de novo", Cláudio contou em entrevista.
Em seguida, o funileiro ligou para a PM, que foi até o local para atender a ocorrência, e acionou um médico veterinário.
"A impressão foi de que ele estava em estado de abandono. Parecia que estava há dias sem alimentação e sem água. Ele estava bem debilitado, fraco, sem força para levantar", contou o PM Tiago Lucchezi.
O cachorro foi atendido naquela noite pelo veterinário Heitor Gomes Bérgamo. Ele conta que recebeu o animal com quadro grave de choque agudo. O cão foi submetido três vezes a tratamento com soro, injeção de adrenalina e reanimação por massagem cardíaca, mas não resistiu.
"Ele teve uma pequena melhora. Esperamos durante a noite toda, com soro, para ver se ele tinha alguma evolução no quadro neurológico, mas infelizmente, pela manhã, a evolução foi quase nenhuma e, antes que pudéssemos fazer os exames necessários, ele faleceu", contou o veterinário.
Para ele, o animal estava abandonado há vários dias e deve ter sofrido desidratação em decorrência do calor, além de desnutrição.